O Mané Janta casou na maior simplicidade lá na igrejinha da Perdição. Botou a noiva na garupa da mula e foram, os três, estrada afora, em direção à fazendinha do pai dele, aonde iriam morar. Se o Mané não falava nada, a noivinha nada falava. Assustada com tanta novidade e preocupada com o que viria. Mané Janta, o pai e os irmãos não eram muito bem afamados na região não. Acostumados a não levar desaforos pra casa, já andaram aprontando algumas arruaças na região.
De forma que iam, os dois, na mulinha, até que esta deu um tropeção. O Janta apenas falou bem alto:
- UMA!...
E continuaram em marcha lenta. De repente, outro tropeção da mula.
- DUAS!... – falou de novo o noivo.
Já chegando ao mata-burro da fazenda, a mula se distrai e tropeça num barranco alto.
- TRÊIS, dona mula! – Gritou o Mané Janta, nervoso. Parou, desceu a esposa da garupa, tirou um revólver que ficava sob o arreio, chegou o cano bem na cabeça da mula e puxou o gatilho. Matou a bichinha.
Aquilo pra noiva foi um Deus nos acuda. Não gostou nadica de nada do acontecido e resolveu protestar.
- Mas qui mardade, sô! Ocê foi muito burro de fazê isso. Seu estúpio... Matô a bichinha mode coisa à toa! Pudia tê feito isso coela não...
Mané Janta nem deixou a moça continuar. Apenas limpou a garganta pra fala ficar mais clara e disse, bem alto, enquanto guardava o revolver, desta vez na cintura:
- UMA!...
Desse dia em diante, nunca mais houve discussão entre os dois.
©By Eurico de Andrade, in Tabuí e seus Causos https://www.facebook.com/causos e www.tabui.blogspot.com.br/
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